Indicadores divulgados na segunda-feira mostram uma reação da atividade econômica em junho. As montadoras, que voltaram a produzir em maio, depois da parada em abril, mais que dobraram a fabricação de veículos no mês passado — 98,7 mil unidades contra 43,1 mil em maio. Na ponta do consumo final, a Receita constatou que houve aumento de 10,3% nas vendas ao consumidor, na comparação com junho do ano passado, somando R$ 23,9 bilhões por dia.
Os números sugerem que o pior da crise provocada pela pandemia do novo coronavírus pode ter ficado para trás, mas uma recuperação sustentada, dizem os economistas, ainda depende de uma série de fatores, principalmente do controle da pandemia para evitar uma segunda onda de contágio e a adoção de novas medidas de isolamento.
Consultorias, contudo, já começam a rever o tombo esperado no segundo trimestre. Na média, o mercado esperava queda de 12%. As novas projeções estão ficando abaixo de 10%.
— O segundo trimestre está vindo um pouco melhor. O governo atuou de maneira sem precedente o que atenuou o choque — diz Silvia Matos, coordenadora do Boletim Macro da Fundação Getulio Vargas (FGV), que admite que pode revisar a retração de abril a junho, auge da quarentena, para queda de 9%.
Thiago Xavier, economista da Consultoria Tendências, afirma que o pior da crise da pandemia parece ter passado, porém isso não significa que haverá uma rápida recuperação, mesmo com os números de reaquecimento vistos em junho e previstos para julho:
— Vemos esta retomada em dois momentos: o primeiro será mais forte, pelo retorno às atividades das pessoas que estavam em isolamento social; e segundo será mais lento, devido aos danos mais permanentes na economia.